24.1.11

não sei o que me inspirou. se a derrota da 'Alegria' se a derrota de mais um dia triste.

Já não sei de sonhos. Tenho mil (eu.s) repartidos. E tão quebrados.
Já não é só o coração que me dói. As mãos tremem. Que cabeça tão pesada.
Encolho-me para mim mesma reduzindo-me à (minha) pequeneza.
Então falham as promessas de certeza.
Então? Diz-me uma incerteza.
São mais de mil num só caco de vidro.




ps: em relação ao título...não quer dizer que votaria realmente nela(e).

20.1.11

coisas parecidas ou iguais? não não.

'' Erros meus, má fortuna, amor ardente
em minha perdição se conjuraram;
os erros e a fortuna sobejaram,
que para mim bastava o amor somente.

Tudo passei, mas tenho tão presente
a grande dor das cousas que passaram,
que as magoadas iras me ensinaram
a não querer já nunca ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos;
dei causa (a) que a Fortuna castigasse
as minhas mal fundadas esperanças.

De amor não vi senão breves enganos.
Oh! quem tanto pudesse que fartasse
este meu duro génio de vinganças!''

RIMAS, Luís de Camões.

11.1.11

zumbido

A música baloiça zonza nos tendões dos meus pés
Ressalta nos meus tímpanos, como chuva moída
E então instala-se na minha memória insolente.

19-09-2010

ai tempos lentos!

‘’Portugal é um país à espera’’
-       Claúdia Luca Chéu

E eu que não gosto de esperar. Paciência.

doenças

  O positivismo é uma doença de carne e sonho. Vive da expectativa do não-literal, do sorriso e da estrada contínua.
  Achas que vives no melhor dos mundos numa ceguez muda.
  Desengana-te.

07-01-2011

9.1.11

espantos ciganos

a mulher grande observa especada. o rafeiro abana o rabo em volta dela.
de rabo-de-cavalo muito liso, muito branco o homem sai e tira um cigarro muito branco. tem uns óculos muito redondos, muito escuros. um bigode farfalhudo mas calmo vibra como os seus dedos tamborilantes. a música toca alta e o carro encontra-se estacionado mesmo no meio da rua sem saída. dobra-se e limpa um faról. abana a cabeça ao som da música tão improvável para tal personagem. o gato preto miou.
o que seríamos nós sem estas extravagâncias?

8.1.11

AMARGURA


   o teu fado é uma alternativa desigual de ti mesmo.
   segues uma estrada de três sentidos que termina no muro que tu próprio ergueste.
   caíste na desilusão de um romântico não assumido, da ponte sem fundações, da borracha suja, dos sentimentos iludidos.
   ficas selado por uma fita vermelha feita da tua extravagância.
   perfuras as nuvens frias e invisíveis numa ceguez muda que não consegues curar.
   adoeces na tua própria loucura, nadando num abismo de memórias a preto e branco.
   ultrapassas a realidade limitando-te então ao vazio.

5.1.11

com a cabeça dentro do prato

-oh! os espinafres são bons na tarte!
sorriso.
-agora tens que fazer poesia com isso.

a Mestra lá sabe.

4.1.11

do esquecimento ao silêncio vão três erros

gostava de pura e simplesmente de esquecer algumas pessoas que se cruzaram comigo. desde alguém que apenas uma vez vi a alguém que lá esteve a maior parte do pouco que já vivi. não aprendi com os grandes erros. só me apercebi deles e da sua raíz. no entanto, não consigo deixar de querer abraçar o mais vago. depois, cortam-me as mãos e tapam-me a boca.
então restrinjo-me aos mais quieto dos silêncios.

3.1.11

careta nojo

é tudo muito bonito, mas espinafres é que não como.
é que nem na sopa nem na salada, tão boa.
é coisa verde demasiado macia.

bons-dias

no fundo da chávena

segue os buracos na calçada