25.6.11

em pausa suspensa

crescendos abruptos de notas que nunca cheguei a identificar diluem-se em tinta surda, dos meus olhos aos meus dedos. as sombras ganham ritmos alucinados dependendo, com receio, da velocidade exteriormente exposta. o ar que pesa sufoca sem adormecer, para pesar meu. cada conceito maduro desfez-se nessas escuras horas, ditas dias, quando agora não sei se isto durou espaço, algum, ou se a insónia é um mero sonho deitado sobre a mesa da cozinha.


hora zero de 24-25 (06-2011) Lx

19.6.11

desenrolar

será o estalo oco que ditará o início de nada. perdido no espaço, esquece o corpo e tudo se expandirá numa implosão retrógada, aqui não conheces quem és. descobrindo que cada fala é errada, tudo é um improviso bera no qual te confundes nos tendões dos dedos. nos segundos surdos cada teu desconhecido representa quem sempre é sem nada não ser numa história de destino fácil. o riso de quem a que te agarras para recordar a carne soa flácido e esmorece em bolhas azedas. tão seco quanto o canto da divisão, vês a rua apinhada de palavras que não se conseguem fazer ouvir e cuja sombra dilata até ser outra onde nasceram as paredes que agora se transformam em matéria abstracta e orgânica, e aí talvez se chegue a concretizar que todo aquele espectáculo decorre com um limite regrado num palco de papel que corta as gengivas dos espectadores.


num decorrer do texto não publicado da hora zero no contexto duma pessoa, Lx, 19-06-2011

15.6.11

sem fracasso, nunca ser.

preferindo contar pelas unhas o que já não soubeste ainda tens receio. já amei esse bastardo que tu agora procuras afastar sem nunca empurrar. digo-te, do fundo dos meus pés desfeitos, que só apenas quando sentires vais ver sem nada saber.


tiro de agorinha mesmo, Lx 15-06-2011

(sabes bem que é para ti)

12.6.11

fios de lã velha

o poder da ansiedade explode no topo da cabeça escorrendo pelo corpo, tornando-se translúcido na sua dúvida e liquidez, desconfiando de talvez alguma flacidez interior. as mãos passam a existir importantemente com uma destreza surreal fazendo vibrar paredes - mesmo quando tendão é aço inflexível. cada batida cardíaca do outro nasce em inflamação muscular que nos consome das unhas à nuca. o olho retoma todas as alvoradas à sua origem meramente surda.


mexendo entre dias 10 e 12 em dias suspensos de pessoas. Lx, casa geta - casa mia.

9.6.11

ponto desconforto

o passado mancha-me a alma.
a sério que gostava de ser pura e nua mas não quero livrar-me da sujidade e das cascas.
não aguentarias e eu não te julgaria.
nem eu consigo.



explosão de à uns minutos atrás. por culpa tua tone. 09-06-2011

8.6.11

the women with red hands

o perder o oxigénio é o compreender o que não entranhou mais na pele. o olhar de desconfiança, a sensação mais nua e alegre que nos preencheu os dentes. o descaramento, mesmo ao lado do corrupto, fez o sangue português tornar-se mais vivo e mais rápido. cada mancha que deixámos para trás no capitalismo, no lar, no abandono, no túnel e na grade ali fica liberta e poderosa moldando o nosso mundo em algo mais impotente e leve. cada gota de espessura e sujidade que deixámos para trás marcou-nos as mãos e a memória criando-nos como as carniceiras das ruas daqui aos subterrâneos.

Lx, ruas vermelhas, 08-06-2011

5.6.11

para a inexistência

será nas madrugadas plenas de respiração suspensa que descansarei, que me libertarei e deitarei sobre o chão imundo sabendo que terei apoio teu. será no maior desassossego urbano que a violência descomunal do transporte me soará a música e me conseguirá por luz nos lábios. sei que poderá ser no toque da pele quente e fria e no sorriso roto que vou saber. e tu vais desconfiar. apenas no silêncio dos momentos de olhos doridos sentado no chão de uma rua qualquer saberás que a palavra é mais do que língua e mãos. a tua alma expandir-se-á em concordância com a batida cardíaca dessa cidade a que chamas tua.

foi um tiro de agora mesmo.

o direito de declamar

ao arrasto dos anos velhos, perdido no coxeio da guerra junqueiro, diz o inebriado: "a ditadura é um facto, a revolução um direito."


merci beaucoup tone, Lx, 04-06-2011

bons-dias

no fundo da chávena

segue os buracos na calçada