20.8.11

a matéria do sonho

associa manchas a formas perceptíveis e adivinha nelas cores que são mera imaginação das crianças. afinal o que são as cores senão uma ilusão ocular a que chamamos realidade quando nem a mentira é detectada?

a narração é formada pelas linhas de pensamentos desconexos, outra ilusão da história contada por nós erradamente confusos e iluminados.

duram segundos compactados de convulsões neuronais e espasmos visuais, mas atribui-lhe, o cérebro, uma duração longínqua criada pela sua mentira inconsciente e inocente.

cada som que se desenrola é surdo, não existe, é apenas uma recordação do tímpano que passamos a ver somente.

e no final do dia, quando começamos, de sentidos dormentes, a murmurar o nevoeiro ritmado das sinapses erráticas que reconhecemos e cumprimentamos, lembramo-nos que temos medo. não queremos exprimentar uma outra venenosa dose da nossa própria pureza; algo que não existe mas que nos é todo.

no entanto, o nosso automatismo cerebral apaga-nos estas memórias do que realmente somos, protegendo-nos (talvez?) da nossa essência que nos poderia consumir por tão absolutamente ser.

é lei universal que não podemos saber-nos inteiramente e ainda menos pensarmos com identidade original. Tendo sido a nossa alma que a criou.


Galé, 02-08-2011

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